segunda-feira, dezembro 26, 2011

dente de leão



duro demais tem sido me perdoar.


 a porta bate mais vezes do que as que eu a empurro


as coisas se fecham sem que as tenha lacrado


o salto nunca acaba numa ponta


eu sou a bailarina de tornozelos quebrados


o meu coração se desmonta

eu sinto peso de um cílio perdido

do resto de pele, do abraço,da despedida





sou o dente do leão no furacão.

segunda-feira, novembro 28, 2011

O medo

Eu estava bem até o medo sentar a mesa e pedir para passar o sal.Falar de como fazia tempo que não vinha  e que realmente não precisava voltar tão cedo, a cama dele ainda estava feita o travesseiro com seu cheiro e o seu perfume passeava por toda a casa como uma cantiga ninar que acaba envolvendo todas as outras emoções.Ele garfava precisamente as minhas expectativas, minha juventude falava do sabor fresco dos meus sonhos enquanto  bebia o resto de ânimo que me restava em um copo.
Ao fim levantou-se da mesa, lavou as mãos na pia do banheiro, usou minha toalha e fitou meus olhos inchados e disse que eu era muito prestativa em convidá-lo sempre para vir ao meu encontro e que gostaria de ao menos conseguir sentir saudades de mim já que eu vivia agarrada aos seus pés.Reclamou da sua presença sempre solicitada mas que estaria ali sempre que eu pensasse em recuar.Foi embora, deixou um cartão com um telefone e me desejou melhoras.

quinta-feira, novembro 24, 2011

o mal do silêncio

É extremamente difícil levar nas costas o legado de suposto gênero relacionado a coisas emocionais.Eu até sou.Mas eu não me meto em grandes brigas, não vou bater na porta de madrugada para simplesmente falar coisas que poderiam fazer com que eu me sentisse melhor.Eu simplesmente silencio.


E isso corrói.Destrói paredes, derruba certezas e abala.Abala porque silêncio é indiferença e eu não quero mesmo parecer outra coisa que não seja isso.Deixa que eu sei o compasso do meu samba e o tamanho da minha dor.Não ponho aos pés de ninguém que eu acho que não merece nem o melhor e nem o pior de mim.Eu calo.A palavra não tem volta.Melhor deixar certas coisas morrerem de ausência do que sufocadas em palavras a serem digeridas.Eu não crio calos na garganta mas crio no coração.Deixa que eu sei qual é o tamanho do peso do meu silêncio.

quarta-feira, novembro 23, 2011

sobre ir embora

Palavras tem o poder de me quebrar os ossos.Especialmente se toca em algo que pedia por favor me deixe aqui eu PRECISO descansar.


Pois bem


Me lembro desse texto como se fosse hoje.eu tinha chegado muito atrasada pra uma prova.eu comecei a ler e me faltou um pouco o ar.chorei.só tive sensação semelhante aos dezesseis anos ao ler um texto do livro são bernardo de Graciliano Ramos.Chorei doído mesmo como se fosse eu que estivesse ali completamente desamparada, escrevendo o texto que eu na verdade lia.Não era meu mas senti como se fosse.
É um texto sobre despedidas
Eu chorei porque nunca aprendi direito como se vai embora, como se vira as costas como simplesmente...esquecer.
Eu nunca esqueço.Convivo.Mas sempre fico com aquilo de não saber o que fazer com as lembranças e volta e meia pensar que queria dividir algo com a pessoa.
Eu sofro de uma despedida que nunca se completa.Não em mim.Ainda que sem querer eu fico esperando que o tempo resolva tudo.Na maioria das vezes não resolve.Sou um punhado de sentimentos inacabados.Eu sempre deixo a janela aberta esperando que o vento venha mesmo que só tenha mormaço lá fora.


O texto é esse




A Viajante
Rubem Braga

Com franqueza, não me animo a dizer que você não vá.

Eu, que sempre andei no rumo de minhas venetas, e tantas vezes troquei o sossego de uma casa pelo assanhamento triste dos ventos da vagabundagem, eu não direi que fique.

Em minhas andanças, eu quase nunca soube se estava fugindo de alguma coisa ou caçando outra. Você talvez esteja fugindo de si mesma, e a si mesma caçando; nesta brincadeira boba passamos todos, os inquietos, a maior parte da vida — e às vezes reparamos que é ela que se vai, está sempre indo, e nós (às vezes) estamos apenas quietos, vazios, parados, ficando. Assim estou eu. E não é sem melancolia que me preparo para ver você sumir na curva do rio — você que não chegou a entrar na minha vida, que não pisou na minha barranca, mas, por um instante, deu um movimento mais alegre à corrente, mais brilho às espumas e mais doçura ao murmúrio das águas. Foi um belo momento, que resultou triste, mas passou.

Apenas quero que dentro de si mesma haja, na hora de partir, uma determinação austera e suave de não esperar muito; de não pedir à viagem alegrias muito maiores que a de alguns momentos. Como este, sempre maravilhoso, em que no bojo da noite, na poltrona de um avião ou de um trem, ou no convés de um navio, a gente sente que não está deixando apenas uma cidade, mas uma parte da vida, uma pequena multidão de caras e problemas e inquietações que pareciam eternos e fatais e, de repente, somem como a nuvem que fica para trás. Esse instante de libertação é a grande recompensa do vagabundo; só mais tarde ele sente que uma pessoa é feita de muitas almas, e que várias, dele, ficaram penando na cidade abandonada. E há também instantes bons, em terra estrangeira, melhores que o das excitações e descobertas, e as súbitas visões de belezas sonhadas. São aqueles momentos mansos em que, de uma janela ou da mesa de um bar, ele vê, de repente, a cidade estranha, no palor do crepúsculo, respirar suavemente como velha amiga, e reconhece que aquele perfil de casas e chaminés já é um pouco, e docemente, coisa sua.

Mas há também, e não vale a pena esconder nem esquecer isso, aqueles momentos de solidão e de morno desespero; aquela surda saudade que não é de terra nem de gente, e é de tudo, é de um ar em que se fica mais distraído, é de um cheiro antigo de chuva na terra da infância, é de qualquer coisa esquecida e humilde - torresmo, moleque passando na bicicleta assobiando samba, goiabeira, conversa mole, peteca, qualquer bobagem. Mas então as bobagens do estrangeiro não rimam com a gente, as ruas são hostis e as casas se fecham com egoísmo, e a alegria dos outros que passam rindo e falando alto em sua língua dói no exilado como bofetadas injustas. Há o momento em que você defronta o telefone na mesa da cabeceira e não tem com quem falar, e olha a imensa lista de nomes desconhecidos com um tédio cruel.

Boa viagem, e passe bem. Minha ternura vagabunda e inútil, que se distribui por tanto lado, acompanha, pode estar certa, você.
Rio, abril de 1952.

terça-feira, novembro 22, 2011

Nova era

Tua palavra continua me erguendo bailarina

Sinto um sopro no coração que o faz falhar


A falha é tua presença que não acontece


É tua mão que não está minha

Meus olhos dizem o que minhas mãos escondem

O gesto em súplica pela tua vinda

O encontro é eminente os cheiros se misturam

Teu toque é o novo.A nova era acontecendo dentro de mim

Eu já consigo sentir a respiração voltar ao compasso correto

Você com maestria me faz escorrer por teus dedos

E eu calmamente danço no teu eu em busca de mim.

domingo, novembro 20, 2011

De mim para o mundo.

Acho que nunca vim aqui para dizer estou bem.A dor costuma ser mais bonita de ser lida, porque parece que abrimos um corte no corpo só pra escrever com mais intensidade ou com mais da gente no texto.Eu dificilmente estou bem.Eu já fui feita de idiota eu já briguei com todo mundo eu já gostei do cara que eu realmente só gostei porque não queria ficar sozinha e quem sabe uma boa cama e um eu te amo que eu sempre duvidaria porque milhões de atitudes me fizeram duvidar.Sou egoísta e assumo isso.Quero pra mim sempre, devorar com os olhos fazer falhar batidas de corações.Eu assumi pra mim mesma que até o amor que eu sentia e pelo qual eu sofri é porque eu queria desesperadamente um bote salva vidas que me salvasse do meu mar de carências.E que isso não era amor tanto que quando vi que meu bote podia não estar lá um dia eu fui embora.E amar não é salvar vidas o tempo todo.
Não tenho medo de assumir minha idiotice.Já quis morrer sozinha.Hoje espero.Se vier que venha pro bem, eu não vou exigir mais do que um amor saudável pode dar.Mas a realidade é que é mais fácil se esconder atrás do amor quando tudo deu errado.Se agarrar na desilusão é um modo de se esconder dos problemas.Eu queria um corpo de homem pra estar sempre na minha frente e não só por cima de mim numa transa.Eu queria o tempo todo, pra me esconder pra ser menina pra poder dizer o quanto a vida era ingrata comigo só porque eu escolhi o cara errado pra viver uma parte da minha juventude.
Mas aí eu realmente fiquei adulta.Eu entendi minha mãe como mulher.Como é difícil ser adulta pagar contas e assumir responsabilidades.Eu entendi o amor quando levava meu sobrinho no colo ou quando eu ia na casa do meu avô comer bolo ou tomar um café.Eu descobri o amor na roupa lavada em cima da cama, na preocupação, no choro ao telefone nos dias que eu não dormi porque eu queria desesperadamente fazer algo e chorava de impotência.
Minha vida continua complicada eu continuo sozinha.Voltei a escrever.E não estou sofrendo pra isto.

segunda-feira, novembro 14, 2011

Insanidades.

Faz algum tempo em que eu recebi meu atual diagnóstico.Que eu prefiro não comentar em detalhes, porque sei como o mundo pode ser escroto com quem está fragilizado, unicamente porque é mais fácil ser desse jeito com quem se expõe do que assumir as suas próprias fraquezas.Eu não conheço ninguém que por meio minuto não tenha desejado fortemente desaparecer da face da terra.Meio minuto de não existir, de não ter que se preocupar de não carregar o fardo que é ser humano.Meio minuto sem lembranças do que se perdeu, do que ainda quer conquistar e por algum motivo não consegue etc.
Toda loucura é vinda do homem.Animais não entendem do que é não ter lucidez.E por isso as pessoas reagem tão fortemente quando você assume suas mazelas de ordem psicológica.Estar louco é ser muito humano.Um fio muito fino nos separa do abismo da insanidade, de se tornar incógnito socialmente.Por fim quero dizer que as pessoas rejeitam aquilo que elas podem se tornar por medo muito grande de ter que lidar com aquilo.O outro acaba sendo o retrato daquilo que ela mais teme.E por isso tenho consciência da minha força.
Já faz uns anos que fui a primeira vez num consultório de uma psicanalista.Não foi divertido e ela não era tão boa assim.Enfim achei minha terapeuta atual que é bem melhor.Mas estou sempre tendo que conviver com certas coisas como recaídas e etc.É tudo muito processual,cansativo e requer uma disciplina que eu não tenho.Estou exausta.Resolvi começar a escrever pra exaurir em parte minha exaustão.Nem eu consigo me aturar ás vezes achando tudo muito ruim.Lembrei que a única coisa que eu sei fazer com excelência mesmo não estando bem é escrever e muito.Então me aguardem muito por aqui.

domingo, setembro 04, 2011

bom dia

Oi eu estou aqui.

Todos os dias esperando um cumprimento mais caloroso algo além do café e do leite que me faça menos faminta de afeto.
Estou aqui todos os dias falando com você todos os dias e você realmente não me dá a devida importância porque estou aqui todos os dias e a regularidade te faz achar que estarei sempre.


Me Veja

Além da forma, além das horas.Desafogue suas emoções dos seus problemas e pelo menos uma vez me veja submergir  do seu mundo de rotinas e problemas e olhe o tanto que eu preciso ser vista mais do que uma pessoa interessante pra conversar

Me Toque

A pele um dia perde o calor a vida um dia perde calor.E de friezas não se fazem grandes projetos.Basta olhar para o mundo e o que mantém vivo.

quinta-feira, agosto 18, 2011

parece que foi ontem

A gente não devia precisar de tanto tempo para descobrir que coração é terra sem dono,sem lei e sem escritura que lhe dê um nome.
Meu coração porém já tem nome lavrado na alma e postulado como herança para todas as próximas gerações que herdarem ao menos um que do teu nome ou do teu legado.
A gente não devia precisar de tanto tempo para descobrir que não conhece ninguém
E que sempre vai parecer que foi ontem que aconteceu pra mim
Que o amor enfim aconteceu pra mim.
A gente não devia precisar de tanto tempo para espalmar as mãos e ver que desencontros foram feitas todas as linhas que poderiam ser o caminho que a gente achava que era o certo.
Parece que foi ontem que eu olhei pra dentro e soube que isso tinha vindo pra ficar
Porque foi ontem mesmo.Sempre vai ser ontem.A gente não devia precisar de tanto tempo pra entender que amor não sabe ler ponteiros de relógio.

domingo, junho 26, 2011

tecer.

Tua boca cerrada revela os mais obscuros segredos
é na cicatriz do teu corpo que eu entendo nosso contrato
olho para os lados , e noites vis me cercam
eu quero entender tudo, desde que eu possa contar com a luz
da tua anunciação.
Teus olhos de flecha revelam as mais misteriosas direções
é na curva do meu corpo que eu entendo nosso pecado
olho para os lados e teu rosto e teu sorriso me cercam
eu quero provar tudo,desde que eu possa contar a pele
o milagre das tuas mãos.

terça-feira, maio 03, 2011

Tomei para mim as dores do mundo
Ri quando tudo que queria era chorar
Ia e vou sozinha ao desconhecido
Sentei na calçada,cerrei os olhos
Tomei mais um gole de vinho, um copo
Encantei-me com a lucidez ébria
Zerei meus ponteiros saí de mim mesma
Alcancei então o que buscava

quinta-feira, abril 28, 2011

ensolarar

O sobrenatural acontece todos os dias.Sobre (naturalmente) ponho os olhos na tua cor de sol e sinto o dia amanhecer em mim.

felicidade

Olha que eu já achei que isso não era pra mim mas como tudo nessa vida pode mudar, eu mudei de idéia mesmo e resolvi me dar um pouco mais pro mundo.
Não está tudo como eu quero mas até estar vou aproveitar o que tenho.Mereço isso.
E então felicidade virou coisa pouca.Virou sorrisos, virou conversas, virou coisas a serem superadas mas tudo muito bem dividido em partes iguais entre todos pra coisa funcionar tão bem quanto uma bailarina sob as pontas.Tudo muito leve lindo delicado e trabalhoso.Ninguém acorda dançando os lagos dos cisnes sem ensaiar MUITO ok?

sábado, abril 23, 2011

meu corpo te entende
nos entendemos
só eu e você estamos entendidos?

Reverso.

Eu pertenço ao contraste.Ao emaranhamento.é sob o papel e caneta que eu me realizo é dormindo de dia e sonhando acordada que eu me componho é escrevendo que eu aprendo como se faz a vida e vivendo vou aprendendo a como escrever.É na flor vermelha de sangue que eu sinto o meu próprio sangue existir é nas cadências do mundo e dos seus barulhos que eu faço minha música.É com o gesto de egoísmo que eu construo minha nobreza e minha paz.Eu sou o reverso.
Violo leis de conduta e construo minha própria forma.Eu corro do sol e saúdo a chuva.Me visto com elegância para me olhar no espelho e deixo o mundo me ver aos trapos.Porque eu preciso existir bonita pra mim.O mundo que venha me desbravar.
Eu descumpro contratos, aniquilo certezas e se preciso insisto no que todos já acham que é perdido.Eu quero ser reviravolta, bagunça confusão pra poder com propriedade ser o novo dentro do que já está começando.E não parar de ter o brilho da mudança nunca.
Esse é meu layout.muito adulto como vocês podem ver,mas precisava de algo bonito e que não fosse cheio de penduricalhos e que eu conseguisse ler meus textos.beijo gente.

sexta-feira, abril 01, 2011

quinta-feira, março 31, 2011

doçura



Nasci dura, heróica, solitária e em pé. 
E encontrei meu contraponto na paisagem 
sem pitoresco e sem beleza. 
A feiúra é o meu estandarte de guerra. 
Eu amo o feio com um amor de igual para igual.
E desafio a morte. 
Eu - eu sou a minha própria morte. 
E ninguém vai mais longe. 
O que há de bárbaro em mim 
procura o bárbaro e cruel fora de mim. 
Vejo em claros e escuros os rostos das pessoas que vacilam às chamas da fogueira. 
Sou uma árvore que arde com duro prazer. 
Só uma doçura me possui: 
a conivência com o mundo. 
Eu amo a minha cruz, 
a que doloridamente carrego. 
É o mínimo que posso fazer de minha vida: 
aceitar comiseravelmente o sacrifício da noite.

Clarice Lispector

quarta-feira, março 23, 2011

as horas

As horas tendo sido traidoras.O relógio tem me traído me esmagado trazendo cansaço de dias começado cedo,muito cedo, quando os pássaros nem ousaram ainda rasgar o céu com asas e escândalos necessários pra anunciar um dia novo.As horas tem sido traidoras porque eu tenho me pego contando no relógio cada segundo, torcendo para os dias passarem rápido, esperando nada em específico mas querendo ter nas mãos a vitória de mais um leão morto pelas minhas ações, pela comida que eu como, pelo ônibus no qual me imprenso enfim.Parece inglório mas ter um dia vivido nas mãos pra quem está sempre contando os segundos parece um prêmio de compensação por que não  deixo simplesmente  os ponteiros escorrerem pelo meu corpo e tudo fluir como deve ser.Eu meço conto analiso.Me pergunto porque olhar pro relógio se eu não estou esperando nada novo, se eu já não consigo esperar nada novo.Hora de acordar hora de dormir e tudo parece metrificado como se não houvessem inovações, e por Deus relógios não são entidades religiosas eu preciso procurar um ponto para qual me curvar merecidamente.As horas não podem me devorar feito leão embora eu ache que estou matando ele todos os dias, ele que me engole o tempo engole todos nós e não sei porque racionalizo isto mas dentro de mim juro que estar matando tempo é algo realmente possível.O tempo nos mata e não o contrário.



Cansada demais para materialismo histórico dialético.

segunda-feira, março 21, 2011

foi só depois de por a mão na minha alma é que percebi que havia uma ferida aberta.e que era mortal.

sábado, março 12, 2011

Ser alguém melhor pra mim.talvez seja isso que precise agora.Não sei como vai ser porque estruturas estão se ruindo e lugar de coração não é no meio da estrada pra alguém passar por cima e sim dentro do peito,batendo,como foi feito pra ser.Eu preciso de muitas coisas.De sono de perspectiva de futuro.De olhar na janela e ver além da chuva.Saber que o sol está lá atrás de tudo isso ainda.


*como tem sido dificil
*mãe te amo

sexta-feira, março 04, 2011

morte.

Eu sou a gota de sangue no mar.Tubarões (o medo.o cansaço.a falta de motivos.a inércia) me devoram calmamente como num banquete fino de degustações.Sinto cada pedaço meu indo embora cada sonho meu indo embora cada coisa que um dia foi minha sendo mastigada e engolida pra nunca mais ser o que era.Meu corpo deformado, luta como passarinho implume, tentando voar ainda que castigado por tanta falta de vontade, pelos dentes que rasgaram minha pele, por tudo enfim.
Levo meu próprio corpo para uma homenagem póstuma.Deito-me ao leito.Passo perfume.E rezo em nome da minha própria alma.Da minha própria morte.

quarta-feira, março 02, 2011

Todo dia a este horário provavelmente farei uma postagem.Preciso escrever e pra mim é tão natural quanto acordar ou ir tomar banho que acho que escreveria muito mais se eu não deixasse as idéias fugirem.


Tuas mãos como cinturões de estrelas ornam minha cintura.Firme.Sob um pano azul há mais do que um céu a ser visto.Pensar a dois é como criar uma nova dimensão.Sinto uma nova galáxia surgindo cada vez que penso em tudo que poderíamos ser.E o que você ja é em mim.
.
.
Durmo tanto que ás vezes só acordo dentro de mim.Ouço uma voz ao longe,sinto o cheiro do meu sobrinho movo as mãos para organizar e parece que não acordei.Ainda estou esperando o dia que ainda vou acontecer aqui do lado fora.Viver aqui, sentir algum prazer com o calor do sol, e não ver a noite chegar como algo que fosse previsível.Esse dia não irá acontecer de novo.E eu perdi mais uma chance de ser um verão anunciado por onde eu vou.As vezes a raiva por tudo estar tão automático quase acontece.Não me conformo de não ser eu mesma.

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Hoje é aniversário da minha mãe e nem posso falar muita coisa pois geralmente pra pessoas normais o nome mãe já diz muito.mas eu tive a sorte de ter tido uma que me deu a luz inúmeras vezes, me trouxe  a vida bem mais que uma vez me fez ser gente pessoa ser humano bem mais que uma vez.thanks mommy.eu espero um dia conseguir equivaler como filha nesse tanto de grandiosidade que você consegue ser minha mãe.

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

red.

my color is red
the color of passion
the color of blood
the colof of death
around my body all is red.
red like my eyes....in a day of sadness
like the rose in a garden,the rose in a grave.

terça-feira, fevereiro 22, 2011

mundo

Eu creio que o mundo não seja nossa casa, mas você tem sido meu mundo justamente por me deixar morar em você e me fazer me sentir em um lar todas as vezes que diz:bom dia, você dormiu bem hoje?
Então deixa meu peito achar que estar exposto demais é prova de fé em tudo.em você em que vamos acontecer um dia na vida um do outro no corpo um do outro no mundo um do outro.
Assumo que te amo sem medo; pois sei que não terei do que me perdoar depois.Vivo isso como quem escreve roteiros de personagens que talvez não irão ser contracenados por mim mas o sentimento sem dúvida será o mesmo meu.Ele irá existir.Ele já existe aqui agora.Em todos os cantos aonde eu posso ter existido um dia.
Então deixa eu achar que a lágrima é prova de resistência ao tempo, a distância a tudo.Deixa eu acreditar terrivelmente nessa magia que ninguém cria que ninguém sabe quando vai acontecer muito menos com quem vai acontecer.
Assumo que sou tua sem reservas.Meu egoísmo sempre guarda a pior e a melhor parte de tudo para cada um.Mas com você é diferente.
Então deixa eu achar que dizer te amo me torna uma  pessoa melhor me trás uma vida melhor me faz uma mulher melhor.E que um dia eu vou olhar pra dentro e poder dizer que bebi todas as gotas da melhor fonte de vida que a sorte poderia ter me dado.Que eu fui sorteada mesmo sem ter podido pegar o prêmio final.Ou gastá-lo como eu queria.
Assumo que esse texto é todo silêncio sem medo.Eu quero me calar pra não deixar fugir nada do que eu precise lá na frente.
Então deixa eu achar que a mão tem mesmo uma linha do destino.E que ele vai se cumprir hoje amanhã em outra vida como se cumpre aqui agora.dentro de mim.

domingo, fevereiro 20, 2011

não é só o toque.é modo como toca.é como se a pressão passasse pela pele e todas as camadas de corpo entendessem.ele está aqui.
E a gente passa pela chuva como passa pela vida, achando que ficaremos eternamente impunes, ou que aquilo nunca vai ser "com a gente".o muro é confortável mas um dia todos se desequilibram e caem.

anjo.

Sendo eu céu como manto que te cobre, meu olhar estará sob os teus passos todos os minutos.Em vigia velarei teu caminho por todos os lugares e em todos os cantos onde for dito teu nome eu estarei lá.Como sangue pulsarei initerruptamente por todas as tuas veias e coração de modo que me confundirás com a tua própria vida.Desembocarei feito rio no imenso mar da tua alma e por dentro de ti passarei sem que me sintas ou veja.como a anunciação de um anjo protetor.

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

chorei tanto que meus olhos secaram
mas há tanta dor aqui ainda.o que faço com isso?

peso

Carrego sem pressa o peso da falta da ausência e do meu coração esperando e tendo paciência como todos dizem para eu ter.Complicado vai ser quando eu não puder mais esperar e minhas pernas abraçarem o chão como ontem.

terça-feira, fevereiro 15, 2011

pêndular.

Meu coração é um relógio de pêndulo esquecido pelo dono.Está lá funcionando como deve ser, mas não mostra a hora certa.Inútil portanto.Mas insiste.Funciona sem que lhe dêem as cordas, faz despertar o cuco a cada momento certo e mostra até certa imponência junto a parede.Parece estar velho mas basta olhar o mogno duro e escuro de que ele é feito para se aperceber que é um coração a ser respeitado.As badaladas de horas completas ecoam por todos os cantos , ainda que esquecido e ignorado pareça ser só mais uma peça decorativa.Preciso acertar teus ponteiros meu relógio.Pois já é tempos de tuas badaladas anunciarem uma nova hora a se viver.

domingo, fevereiro 13, 2011

expectativa.

Tenho tentando deixar mais vida acontecer e esperar menos que ela aconteça;mas assumo que quero muito dentro de mim que de alguma forma tudo dê certo.não importa o irá acontecer.mas que dê certo.

na verdade importa muito o que irá acontecer mas isso se enquadra em viver de menos e esperar demais.então vamos fazendo o nosso , o melhor que pudermos sempre e ver como as coisas vão.



dragões elfos e fadas... existe um mundo quimérico inteiro dentro do meu estomago fazendo festa sem parar.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

orar.

Em algumas situações é mais importante rezar que se preocupar com o que é inalcançável.Falo não necessariamente de ter um Deus que resolva sua vida mas juntar as mãos ,fazer sua parte e confiar que o improvável irá acontecer.Eu improvavelmente ainda estou acontecendo nesse mundo.Muito provavelmente porque alguém juntou as mãos olhou pra cima e confiou que isto iria acontecer.


Dizer obrigada é ás vezes mais importante que retribuir o favor.




não saia de mim nem meio minuto parte de mim é tua pele e ainda que ela não seja minha me cubra com teu toque único para que eu possa me sentir protegida, localizada em mim.

duas

duas postagens por dia significa que tem muita coisa acontecendo.eu não queria.me sinto sem chão.

Sobre o blog.

Escrever sempre foi minha forma magna de libertação.portanto quanto mais destemperada, confusa ou com algum tipo de conflito, sendo ele grande ou pequeno, eu escrevo.Espero que minhas palavras não se voltem contra mim um dia, do tanto que eu as uso como forma de exorcismo.Todo mundo cansa de ser usado, tudo que é vivo cansa e palavra pra mim é coisa viva.Respira como eu, grita como eu, precisa de um tempo pra descansar como eu.Palavra pra mim tem veia, tem sangue tem pulso próprio.As primeiras formas de escrever eram por desenhos e não por letras como agora e o os desenhos sendo fiéis a nós ou não tem sempre uma natureza mimética do real ou do irreal criado pela mente humana, isso me faz acreditar com mais vigor ainda na força vital de todas as palavras que não escritas, que não são ignoradas porque o sono ou a rotina é mais urgente.Palavras as vezes pedem pra serem lidas,escritas e esmiuçadas.Seu coração implora pra dizer eu te amo, e a frase implora por uma resposta igual ou mais satisfatória do que um eu gosto de você.Um pedido implora uma resposta de aceitação, uma boca implora pela palavra beijo, o corpo implora pela palavra movimento a mente implora pela palavras sonhos.Meu texto implora por uma vírgula de pausa pra eu não morra sufocada tentando lê-lo depois.
Por isso estou aqui.Pra fazer com que as palavras se firmem como estrelas no céu e de lá não saiam nem depois de inexistentes.Continuem espalhando luz mesmo que a quilômetros luz atrás o motivo do meu verbo  já tenha morrido.

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

laços.

Porque as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda oportunidade sobre a terra.(G.G.Marquez)




Sempre me aparece isso.Me olho com as mãos e me sinto quebrada,Podia ser falta de alguma coisa mas não é só o espaço não ocupado existir.O espaço parece gritar e fazer ecos o tempo todo e reverberar todas as estruturas de vidro causando sons enlouquecedores.Temo que o grito e os ecos me sufoquem.Tenho quebrado paredes com as mãos.Sinto elas doerem.E penso sobre os méritos das lutas e pelo que lutar.



Na realidade eu já tenho todas as respostas.Tenho rezado muito.Tentado agradecer muito.Pois de vez em quando uma luz pequena e sorrateira escorrega pelas frestas do quarto.Ainda que eu continue sem saber pelo que continuar eu sei que o laço com o compromisso deve ser maior que o motivo pelo que se compromissar.Mas não nego quanto dói estar exposta ao sol.E o tanto que me falta tinta pra escrever apenas uma palavra.Liberdade.






Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.(mateu6:21)




E se o mundo foi feito para procurar respostas e explicações me explique esse estar longe que parece estar estupidamente tão perto?