segunda-feira, julho 07, 2014

A casa.

Porque às vezes não consigo. Ouço não para aprender  a dizer sim.
Arrasto. A vida a circunstâncias, o tênis na brita e meu coração pelas ruas.
E nem sempre dá para esconder. Abafo o terreno em obras.
Mas as batidas do martelo acordam toda vizinhança e eu procuro vigas em que me sustentar
Tremo por não ser concreto.
Quero a paciência do artesão e não a eficácia do mestre de obras
Esculpir-me. Desculpar-me. Perdoar-me.
Sempre é a parte que tem mais entulho pra por no caminhão da mudança interna.
Falta acabamento. Falta acabar-me
Falta cor na vida e nos olhos. Faltam presenças pigmentadas
A alegria só vem depois de profunda terras levantadas com pás de caminhão
Pra tirar minha alma lá debaixo, que ficou afundada na reviravolta em que me enfiei
Escavo. Várias horas todos os dias. Até respirar.
 E tentar drenar com canos pros olhos a mágoa
E aos poucos deixar de ser a casa em eterna ruína.