segunda-feira, abril 08, 2013

pequenas e grandes mortes.

a morte.a verdadeira morte


começa


de dentro.


quando morrem os laços importantes
as cordas importantes se soltam
os azulejos importantes se quebram debaixo dos seus pés
e bonito se vai.deixando só um caco que entra na pele a cada dia;


a morte começa na completa indiferença
na mão erguida em súplica que não obtém resposta
e por ela passam os primeiros ventos do desprezo
cortando tudo que vê.rasgando a pele.
e te fazendo contrair todo o braço até que ele suma dentro de você



a verdadeira morte começa no primeiro dia perdido
no primeiro dia do diagnóstico da doença crônica
na primeira receita de condenação
no primeira de muitas filas em que vai se enfrentar sozinho.



até a morte.


a morte começa na vida.na vida que se dissolve na ausência de vida.a morte vem da vida que não está sendo o que é de origem.algo vivo.nada resta a aquilo que por um nome vale algo mas por essência já não vale mais nada.

morre-se quando se escreve sobre a morte.
porque quem entende disso está morrendo
partindo.

é gradual.o futuro sepultamento daqui há anos é só um selo.quem está dentro de si é que sabe quando começou a morrer.e nem sempre a morte espera a morte do corpo

vive-se morto todos os dias as vezes

morre-se vivendo muito.vivendo a glória das flores da homenagem.da eternização.do tempo que nunca foi dedicado em vida.da solenidade nunca alcançada.é como viver de novo.no nascimento celebramos a vinda.na morte celebramos a ida.de modo magistral;

quarta-feira, abril 03, 2013