domingo, setembro 21, 2014

Carolina: com doze anos

Comecei a escrever com doze anos lendo gonçalves dias e realmente essa não é uma biografia típica de uma criança de doze anos. Não faço ideia como se deu mas foi assim. O livro era velho não tinha figuras não tinha nada que pudesse atrair uma criança de doze anos. A capa tinha sido refeita o livro recolado tantas vezes e eu adorava e hoje entendo que o amava justamente por ele resistir ao tempo, e as circunstâncias como nós mortais deveríamos fazer. Decorei o meu primeiro poema com essa mesma idade,chamado como eu te amo, do mesmo livro. Quase todo. E ele é comprido se alguém tiver a curiosidade de ver. Não que eu me gabe olha quem lê isso aqui não faz ideia do tanto que eu quis ser como todas as meninas da minha turma, usar gloss, falar de garotos mas eu achava isso uma chatice sem fim porque meu livro enfiava dentro da bolsa e sempre estaria ali comigo.
Um garoto nessa idade( ele nem deve lembrar) disse que uma menina era muito mais bonita que eu. E eu, com doze anos disse: legal pena que isso não faz diferença alguma na minha vida.
Doze anos! Eu deveria ir pro banheiro chorar mas não aconteceu. E de verdade eu estava certa não fez nenhuma aliás quantas pessoas você é obrigado a conviver fazem? Só não faço ideia de como eu sabia a essa altura do campeonato.

Quando chegou meu aniversário pensei: to ficando velha (??????????????) comia um chocolate encostada num quadro e um professor riu acho que eu falei baixo mas não o suficiente pra ele não ouvir ou se ele ria do meu mau humor crônico que eu sempre tinha ( olha o tempo) da minha cara de brava e dos meus cabelos trançados indo contra o surgimento da chapinha. 

Ah e eu me apaixonei. Mas nem era paixão. Eu acho. No mesmo ano o tal escolhido tentou chegar perto de mim por a mão na minha perna e eu passei uma grafite no braço dele.

E é isso. Acho que sou filhote de onça e não tô sabendo. 

Continua e chega aos treze.

sexta-feira, setembro 19, 2014

e tem anos que

E tem dias que eu não confio em mim não por falta de valentia mas por exaustão dela. Ela se esgota por todos esses dias que o vento só traz poeira pros olhos e a chuva massacra o corpo que se arrasta lá e cá hora pro trabalho, hora de volta pra ele mas porque tanta chuva sobre ombros já tão caídos.
Enxurradeada eu sou, o canal lacrimal não seca, cadê a minha noite de sono e vou ficando deformada, a menina que sonhava em ser bailarina morre dentro de mim em posição fetal diante de tanta falta de leveza, em carne viva completamente exposta, minha oração é forte mas cadê o amanhã aquele que me prometem há anos em que não vai doer mais tanto? 
Explodida estuporada, pra onde eu posso ir? quem vai me acolher. desanda eu tropeço me espalho em cansaço pela cama e porque não chega a leveza se o coração tem a bravura de lutar por ela?
Penso em ter dobrado na curva errada ter me perdido no meio do caminho mas onde acho como voltar os corvos comeram minha trilha de migalhas de pães. São dias meses anos nessa luta a vida não é conta gotas fico velha e o que fazem da sua vida os anciões sem sabedoria a jovem sem a virtude do novo que sempre se renova e a criança que sonhou um dia em ser..somente ser.