terça-feira, junho 09, 2009

Síndrome de Sininho

O comum salta aos olhos ás vezes como uma realidade que há tanto tempo havia sido escondida esperando o momento certo de ser revelada. E de repente você se vê diante de si mesmo num espelho que te persegue pelas ruas aonde nem mesmo uma sombra consegue ser vista.
Tudo começa assim. Com era uma vez, pois todas as linhas daqui já se foram.
Sonhava e via o mundo de uma maneira simplória e concisa. Não era difícil enganar os seus próprios olhos confusos que buscavam respostas para os demais sentidos. Um dia dormiu. Precisava deixar-se cegar para saber o que procurava, pois seu olhar tolo de criança não lhe dava resposta que a mente pronunciando a maturidade precisava. Talvez o sono lhe acalmasse o peito e a busca. Sonhou. Foi tão longe que pode ver a essência do canto mais escondido de seu subconsciente. Reluzia então a voz sem forma que lhe dizia: estou aqui!
Acordou com os ecos da voz quase celestial que teimavam em repetir: eu estou aqui. O medo era evidente diante do atordoamento daquilo que lhe chamava tanto o coração, pois o novo que bagunça o óbvio cotidiano é assustador. A mudança é assustadora. Continuou a viver o óbvio e ignorou os sonhos.
Mas os sonhos não podiam ignorá-lo.
Continuou sonhando todas as noites com aquilo que não sabia explicar o que era. Tentou escrever, poetizar, falar com os amigos e não obtinha sucesso em nada. Não conseguia se auto explicar, pois sequer se entendia.
A noite, um dia, lhe convidou novamente ao descanso. Dormiu. E a voz sem forma personificou-se naquilo que temia. O amor próximo que convida que acalenta que lhe dá apoio sem lhe querer tomar a alma. O colo, a proteção e o convite eterno da ternura de um ser que estava sempre ao seu lado e não lhe cobrava a essência ou a juventude e queria somente a sua presença, sua voz, seu jeito e coisas pessoais que cada um tem como uma espécie de assinatura.
Descobriu-se doente terminal de síndrome de sininho.
Voltou a dormir e desistiu de parar de sonhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário