sexta-feira, julho 23, 2010

a mão.

Quando pequenos, geralmente para atravessar a rua, olhamos para cima e esperamos que o adulto nos ceda a mão para , então, prosseguirmos.Só de sentir o tato quente nos endossando de algum modo já nos faz ensaiar o movimento.Algumas crianças confiam tão seguramente nos adultos que sequer olham para os lados.Isso não é com elas.Quem já atravessou é que sabe o momento.Basta ir junto.
Sem notar passamos o resto da vida esperando essa aprovação segura para até o outro lado, mesmo que não esteja carro algum vindo.Os elogios diante de uma boa nota numa prova, ou mesmo algo simples como que roupa usar.Grandes e adultos pensamos estar com autonomia suficiente para desafiar o mundo até alguém falar mal da sua blusa preferida e estragar seu dia, e ter consciência que nem tudo é somente aprovação.Faz parte conviver com algum tipo de rejeição, olhar pra dentro e se ver as vezes num mar de inseguranças e incertezas.
É nesse momento é que a mão mais me faz falta.Quando olho pra dentro e não sinto por perto um tato superior pra me indicar que tenho um pilar de algum modo.É ser criança e ficar esperando olhando pro alto e a mão simplesmente não ser concedida.E ficar esperando o dia todo que apareça a tal certeza pra fazer com que me mova um passo para chegar ao outro lado.Sei, faz parte de amadurecer ir sozinho, mas a verdade é que ainda me sinto sem casaco num dia de muito frio.Ando por andar e não por conforto.

domingo, julho 18, 2010

ter.

eu tenho amor e por isso morro
eu sou amor e por isso vivo.

divina comédia.

Da fantasia a força me fugiu; o meu desejo e a minha vontade estavam conformes o divino querer,tal como uma roda ,que gira, uniformimente impelida
pelo amor,que move o Sol e as outras estrelas.





imagem arquivada também no relicário.

quinta-feira, julho 15, 2010

perfume

Soube que ele passou muito tempo com meu cheiro no corpo, pois quando tomava banho, vestia a mesma camisa que usou no nosso último abraço.Só pra sentir o perfume e depois retirava.Pra dar a entender para si mesmo, que nosso encontro se repetiu por todos os outros dias.Um dejavú planejado com cuidado.Para que não se rompesse o momento, como perfume que se perde ao ar.



meu sonho também tem o seu cheiro.

terça-feira, julho 13, 2010

Carolina

Machado de assis possui poucas coisas escritas sob forma de poema, fruto claro da transição da literatura brasileira ,(que passou muito tempo baseada na poesia e em temáticas voltadas para o romantismo como espelho da tendência européia, especialmente portuguesa) para a prosa e para um estilo mais cético de ver a realidade.Porém por ser um ícone de transição, machado de assis apresenta alguns textos relacionados ainda ao romantismo e a poesia lírica, embora seja conhecido em termos literários como pai do realismo por obras clássicas como quincas borba e dom casmurro.Segue anexo um scan de um desses textos poéticos.Texto arquivado também no relicário.